Toma e come


Tenho um colega de trabalho que tem um relacionamento com a mesma mulher há quase 15 anos. Eu a isso dou o nome de casamento. Mas ele é católico, aí, sabe como é, né? Tem todo aquele lance de pessoas com roupas coloridas dizendo o que as coisas são e o que elas não são e que se você não concordar você vai pro inferno. E uma dessas pessoas de roupa colorida disse ao meu colega que ele não poderia comungar durante a missa porque ele vivia em concubinato.


Se o cara está há quase 15 anos com a mesma pessoa, é porque ele deve gostar muito dessa pessoa, e a esse gostar muito algumas pessoas dão o nome de amor. Uma dessas pessoas que acreditavam nessa coisa chamada amor (que para outras é apenas uma conspiração de floristas gananciosos) chamava-se Jesus Cristo. Esse cara, como todos sabem, ou pelo menos é o que se diz, realizou uma ceia simbólica em que o pão era seu corpo e o vinho era seu sangue e que quem o seguisse deveria fazer isso em memória dele, numa atitude de comunhão com seus ideais, dentre os quais: basear a vida no amor.

Mas aí vieram pessoas que se sentiram no direito de dizer para outras pessoas que entendiam melhor o que Jesus queria dizer e então vestiram uma roupa colorida para se diferenciar dessas outras pessoas que supostamente não entendiam bem como funcionava tudo. E então inventaram palavras e deram a elas significados para que essas pessoas que supostamente não entendiam as coisas tivessem medo e aí elas fariam tudo da maneira que as pessoas de roupa colorida dissessem.

Uma dessas palavras é concubinato e outra é inferno. Meu colega, segundo as pessoas de roupa colorida, vive em concubinato e se ele comungar na missa (ou seja, se ele praticar o ato de concordar que o amor é uma coisa legal e que ele tem isso em seu coração e dividir isso com Cristo) ele vai para o inferno.

Tudo isso porque, para que as pessoas de roupa colorida desconsiderem o concubinato e permitam que meu colega pratique a comunhão na missa, ele teria que participar de uma cerimônia em que um cara de roupa colorida diria para meu colega e para sua companheira que agora sim eles estavam casados, porque ele tinha a roupa colorida e tinha o poder de dizer quem estava casado ou não.

Em resumo, para você comungar do amor de Jesus Cristo numa cerimônia dedicada a ele e presidida por um cara de roupa colorida, você deve - se viver com alguém, mesmo amando esse alguém e assim fazendo exatamente o que Jesus queria que você fizesse - passar por um ritual em que a pessoa de roupa colorida vai dizer que tá valendo, que você pode, porque ele tem a roupa colorida e quem manda aqui é ele.

4 comentários:

  1. Bom você ter retornado a este espaço. Gostei realmente do texto. Concordo muito com as ideias nele postas...apesar de (tem que ter um apesar de)questinar algumas. Podemos conversar sobre elas em um outro momento.

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  2. Qual a dificuldade de fazer a coisa certa, já que se amam?! Arranca pedaço? É só casar!!!
    Hehehe...

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  3. Será a coisa certa? Ou será a palavra da Roupa Colorida?
    Muti bacana o texto...

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  4. Dizem que o casamento em si, foi criado para proteção da mulher já que ao homem, caberia a responsabilidade de cuidar dela e dos filhos, ao invés de sair por aí, livre, leve e solto.
    Quanto a cerimônia religiosa, seja no catolicismo ou outra crença, alguém na papel do Criador, "abençoa" do relacionamento.
    O homem saiu das cavernas e entrou na igreja.
    Chamam isso de evolução...

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